Após a detenção e posterior formalização de Jordhy Thompson, acusada dos crimes de femicídio frustrado e desacato ao tribunal, o jornalista Juan Cristóbal Guarello criticou duramente a forma como o Colo Colo tratou o caso.
“Em Colo Colo, toda a gente sabia há muito tempo que este homem estava com a sua companheira, que não podia estar com ela e que era uma bomba-relógio. Esteban Pavez disse-o: aproveitem para o vender. E não o venderam, porque tinham de ganhar! Porque Gustavo Quinteros precisava de salvar a sua época. Quinteros precisava de mostrar alguma coisa. Ele insistiu para que ficasse, e alguns directores também”, disse JCG no programa “Deportes en Agricultura”.
Em particular, o vencedor do Prémio Nacional de Jornalismo Desportivo acusou duramente o DT. “Quinteros é indefensável. Thompson estava a exibir-se, ia a todas as reuniões sociais com a rapariga. A qualquer momento isto ia acontecer e aconteceu. E eles sabiam que isso ia acontecer. Perdoaram-lhe ter ido jogar pichangas, perdoaram-lhe as fotos, e o próprio Thompson foi recentemente sancionado pela multidão, pelas bancadas e pelas redes sociais, quando supostamente quebrou o pacto com Daniel Morón e tirou aquela foto a beijar a rapariga”, disse.
“Em primeiro lugar, ele não estava a cumprir a lei e, em segundo lugar, toda a gente sabia que ele ia a todo o lado com a rapariga. Mas desde que a equipa ganhasse e o incidente não fosse transcendido ou se tornasse do conhecimento público, não importava. Não importava até que explodiu e acabou com este galo na cadeia, esta rapariga com medo de ser morta e o Colo Colo numa confusão pública e talvez desportiva”, continuou.
Pela mesma razão, o autor de “Um morto no balneário” afirmou: “Quando é que o Colo Colo vai atuar com profissionalismo, com um certo rigor e com um mínimo de decência? Não pode ser que por um resultado se pegue fogo a tudo. Bolados não me está a dar e este miúdo pode dar-me. Mas este miúdo está a infringir a lei… Não faz qualquer diferença.
“O mais terrível é que numa instituição como o Colo Colo não podem dizer: Jordhy, ou cumpres a lei ou não jogas mais. Mas eles não se importam, porque têm de ganhar e fazem tudo para ganhar”, acrescentou.
Pela mesma razão, Guarello disse que “se os directores do Colo Colo estivessem a falar a sério, o que eu acho que não estão, deviam dizer a Quinteros que dentro de um mês ele vai-se embora. Primeiro, ele apoiou isto. Em segundo lugar, nem sequer cumpriu as suas obrigações em matéria desportiva. Deixem de o defender, isto é uma demonstração clara da forma como o futebol tem sido gerido no Colo Colo.
“Imaginem como acaba: incinerar um plantel inteiro para salvar a sua campanha e ter algo para mostrar no final do ano, para tentar renovar o Colo Colo e ao mesmo tempo candidatar-se à seleção chilena, porque o número um em caso de despedimento de Berizzo é Quinteros, pressionado por todo um grupo de empresários que o querem colocar lá. Esperemos que este seja o fim da candidatura de Quinteros à seleção nacional. Vamos começar a fazer as coisas, a situação de Quinteros no Colo Colo não pode continuar”, defendeu.
A terminar, o comentador da Rádio Agricultura, Canal 13 e DSports defendeu que “a responsabilidade de Thompson, que é gravíssima e não atenuo nada disso, mas há uma estrutura por detrás, quase cem anos de história do Colo Colo que representa milhões de pessoas, que tem uma responsabilidade social e gera muito dinheiro… mas as pessoas que tomam decisões simplesmente para proveito pessoal acabaram por passar por cima de todos os protocolos e raciocínios lógicos de qualquer maneira. Tem gente aqui que não consegue passar. Sim, o jogador é culpado do crime, mas a instituição também é culpada por encobri-lo, por ser cúmplice e escondê-lo. Só que os factos acabaram por ultrapassar esta atitude indolente e até criminosa do Colo Colo”.