No meio de uma grave crise desportiva que a Universidade Católica atravessa, Matías Dituro, até há poucos dias guarda-redes e capitão da equipa principal, optou por emigrar de San Carlos de Apoquindo para aceitar uma proposta que lhe chegou do futebol turco, mais concretamente do clube Fatih Karagümrük.
E apesar do facto de ter um contrato válido com o “Franja”, as negociações para selar a sua saída foram aceleradas, uma vez que o Cruzados concordou em deixá-lo sair a “custo zero”, apelando ao desejo do jogador de voltar a competir numa liga da UEFA.
Perante este facto, o jornalista Juan Cristóbal Guarello fez uma análise extensa e poderosa no seu programa. “A hora de King Kong”, em que acusava o empresário Fernando Felicevich como o homem-chave desta saída marcante de Dituro da equipa de Precordillera.
“O facto de Dituro parecer um disparate, que o deixámos sair como recompensa pela sua carreira e blá blá blá, não é isso que está em causa. E as explicações que Buljubasich deu na conferência de imprensa obscureceram mais do que clarificaram e puseram mais fios de cabelo na sopa. Tornaram a questão mais complicada e geraram mais dúvidas”, afirmou o jornalista.
“Dituro regressa e descobrimos algo que me chama a atenção: 60 milhões de pesos por mês, 80 mil dólares por um guarda-redes que a Europa já não queria e que as duas ofertas que lhe chegaram da Argentina não satisfizeram a UC e por isso deixaram-no. Um salário muito elevado e perguntamo-nos porquê, porque é que o recontratam com um salário tão elevado quando têm um bom guarda-redes. É aí que as coisas se tornam um pouco estranhas. Não estou a falar do dinheiro de ninguém, se o Catolica quer pagar, paga, a questão de fundo é que o Catolica não tem dinheiro para contratar um 10 ou um defesa-central com menos de 35 anos”, continuou.
Depois disso, o autor de “Un muerto en el camarín” (Um morto no camarim) abordou a recente saída de Dituro. “O que se passa é que a Catolica não está a levantar a cabeça e, de repente, do nada, com Holan pendurado no precipício, Dituro diz que vou para a Turquia. Para além da equipa, o futebol turco é forte, tem dinheiro e esta equipa tem várias lembranças estrangeiras, incluindo vários europeus, ou seja, salários altos, mas Dituro diz que vai embora sem a cláusula de rescisão que corresponde à Universidade Católica. E é aí que a coisa fica um pouco estranha…. Porque é que a UC está a dar o milhão de dólares a que ele tinha direito por ter saído antes do fim do contrato? Não me faz sentido, parece-me estranho, a Católica está a construir o estádio, teve de pedir dinheiro aos sócios, teve de angariar dinheiro, vender lugares, esteve a angariar dinheiro como pôde para acabar este novo estádio, por isso não faz sentido que uma cláusula de um milhão de dólares não a queiram receber”, disse.
Lugo colocou em cima da mesa as declarações de José María Buljubasich, diretor desportivo do Cruzados, sobre este assunto. Volto ao que Buljubasich disse: “Há vinte dias, Matías Dituro expressou o seu desejo de continuar a sua carreira na Europa antes de haver uma proposta. Depois chegou uma proposta”. Que curioso, quando ele quer, chega a proposta. É nessa altura que se tem de recorrer ao VAR, não há coincidências. Depois chegou uma proposta que era de zero pesos para o clube e, depois de a discutir com a direção, foi dada prioridade ao desejo do jogador”. Que generosidade da Universidad Católica”, disse.
Continuaram as conversações com o clube turco, que ofereceu um rendimento à Universidade Católica, mas isso não se concretizou”. É claro que qualquer pessoa que tenha duas cabeças e perceba como funciona o futebol profissional sabe que as explicações de Buljubasich são inaceitáveis. No futebol profissional ninguém dá nada, muito menos um milhão de dólares”, continuou.
O caso de “Catuto” Rebolledo
Para colocar mais um elemento em cima da mesa, Juan Cristóbal Guarello disse que, no ano passado, a Universidade Católica recusou aceitar uma proposta que veio de Portugal para Raimundo Rebolledo, para além do desejo de partir para a Europa que “Catuto” manifestou.
“Há onze meses, exatamente, Raimundo Rebolledo recebeu uma proposta do Santa Clara de Portugal. Catuto, que atualmente joga no Ñublense, que não é um jogador exportável, cujas hipóteses de jogar no estrangeiro são poucas, teve uma proposta do Santa Clara e o Católica não a aceitou, achando que era muito pouco dinheiro. Não lhes interessava o desejo do jogador de ir para a Europa. Isso não interessou ao Católica, o Católica não teve a mesma bondade que teve com o Dituro. Que estranho”, disse.
“Falei com o Catuto, entrevistámo-lo na DSports, e ele, que é muito cavalheiro, muito decente, disse que não queria falar sobre o assunto porque não queria causar polémica. E agora, um ano depois, estão a abdicar de um milhão de dólares por causa do desejo do jogador. Não há forma de o defender. O empresário é Felicevich”, acrescentou.
A certa altura, tive um confronto com Juan Tagle por causa de Fabián Orellana, outro jogador de Felicevich. Fiquei muito surpreendido com a duração do seu contrato e com o seu elevado salário. Então, começámos a fazer o cruzamento, o Orellana com o seu contrato de dois anos e meio, por 50 mil dólares por mês, joga três jogos por ano e depois dizes ao mesmo empresário que não cobras ao Dituro a cláusula de rescisão, mas ele ainda vai cobrar aos turcos a sua percentagem pela transferência. Portanto, há coisas que não estão a funcionar aqui na Universidade Católica e eles estão a olhar para nós como tolos há muito tempo. Há uma altura em que é preciso dizer basta. As explicações de Cruzados não são aceitáveis nem para os adeptos da UC nem para nós, que acompanhamos o futebol há muito tempo, e temos de ser críticos e olhar para isto com uma certa distância”.