Karim Benzema: senador pede a retirada da nacionalidade do futebolista se forem confirmadas as suas ligações islamistas

A senadora conservadora francesa Valérie Boyer pediu esta quarta-feira a retirada da nacionalidade ao futebolista Karim Benzema, caso se confirme que tem ligações ao grupo islamita Irmandade Muçulmana, como sugeriu o ministro do Interior Gérarld Darmanin.

“Se as afirmações do ministro do Interior se confirmarem, temos de considerar sanções contra Karim Benzema. Uma sanção simbólica seria, em primeiro lugar, retirar a Bola de Ouro. Depois, temos de pedir que lhe seja retirada a nacionalidade”.O legislador afirmou numa declaração.

A reação do senador republicano (LR) surge dois dias depois de Darmanin ter afirmado, numa entrevista televisiva, que o antigo jogador do Real Madrid tem ligações ao grupo islâmico de origem egípcia.

“O Sr. Benzema tem ligações, toda a gente sabe, é notório, com a Irmandade Muçulmana”.Darmanin disse na segunda-feira à noite no canal de televisão Cnews.

Boyer recordou que Benzema tem dupla nacionalidade, francesa e argelina. “Não podemos aceitar que um binacional francês, um internacional reconhecido, desonre e traia o nosso país desta forma”.afirmou.

O ministro já tinha sido questionado sobre a mensagem do antigo jogador do Real Madrid nas redes sociais de apoio ao povo palestiniano, que contrastava com o seu silêncio sobre os ataques terroristas do Hamas contra Israel, a 7 de setembro.

Darmanin considerou que os jogadores com a fama de Benzema “têm uma responsabilidade” e uma influência na juventude que o deveria ter levado a ser mais imparcial.

Mas foi mais tarde, ao responder a uma pergunta sobre as acções do seu governo para combater o terrorismo jihadista em solo francês, que Darmanin lançou a sua acusação contra o futebolista, sem apresentar qualquer prova.

“Há semanas que estou particularmente interessado (…) nos Irmãos Muçulmanos”.disse o ministro, que na altura aludiu às alegadas ligações de Benzema a este grupo islamita, classificado como terrorista pela Arábia Saudita, o país onde o antigo jogador do Madrid joga atualmente.

Esta parte das declarações do ministro, proferidas ao mesmo tempo que a França reforçava a segurança na sua fronteira com a Bélgica, na sequência do ataque islamita em Bruxelas, na segunda-feira à noite, não teve eco em França até ser retomada, na terça-feira, por alguns meios de comunicação social espanhóis.

Na quarta-feira, fontes do Ministério do Interior justificaram a acusação lançada por Darmanin em várias acções do jogador que constituem “uma deriva para um Islão duro e rigoroso, caraterístico da ideologia” dos Irmãos Muçulmanos “que consiste em difundir as normas islâmicas em diferentes áreas da sociedade, especialmente no desporto”.

Em declarações à RMC Sport, estas fontes do Interior aludiram a situações polémicas em que Benzema esteve envolvido, como a sua recusa em cantar a Marselhesa nos jogos com a França ou o seu “proselitismo” nas redes sociais “a favor da religião muçulmana”.

Recordaram também que o atacante foi fotografado com o imã da cidade de Meaux, que está a ser investigado no âmbito do assassinato do professor Samuel Paty, decapitado em outubro de 2020 por um islamista de origem chechena.

Outro exemplo é o apoio de Benzema ao lutador russo Khabib Nurmagomedov, que publicou uma mensagem desejando “que o Todo-Poderoso desfigure este escroque” Emmanuel Macron e “todos os seus discípulos que, em nome da liberdade de expressão, insultam a fé de mais de 1,5 mil milhões de muçulmanos”.

Para Interior, todos estes casos não permitem que seja levado a tribunal, mas “são um sinal particularmente ambíguo para um desportista que tem um público tão vasto”.

Benzema, de 35 anos, que disputou 97 jogos pela seleção francesa antes de terminar a carreira em 2022 devido a constantes desentendimentos com o treinador Didier Deschamps, está desde esta época no Al-Ittihad da Arábia Saudita, depois de 14 épocas no Real Madrid.

No dia 15, enviou uma mensagem de apoio ao povo palestiniano nas redes sociais: “Todas as nossas orações vão para os habitantes de Gaza, vítimas mais uma vez destes bombardeamentos injustos dos quais nem mulheres nem crianças são poupadas”.

Outros futebolistas franceses também manifestaram o seu apoio ao povo palestiniano sem condenar o ataque do Hamas. É o caso de Nabil Fekir, que manifestou o seu “apoio inabalável ao povo palestiniano” que “sofre de ‘apartheid’ há demasiado tempo”.

Marcia Pereira

Share
Published by
Marcia Pereira

Recent Posts

Morre Sphen, pinguim ícone do casamento homoafetivo em aquário na Austrália

Sphen, o pinguim que comoveu o mundo com seu relacionamento com Magic, faleceu aos 11…

1 semana ago

Lula intensifica controle sobre apostas online em reunião com bancos

Presidente se reúne com líderes de grandes bancos e Febraban para discutir estratégias contra sites…

2 semanas ago

Miami Heat homenageia Dwyane Wade com estátua no Kaseya Center

Ex-jogador terá sua trajetória no Heat imortalizada com monumento, marcado por conquistas e a formação…

1 mês ago

Jovens bilionários: conheça os dois empreendedores brasileiros por trás do Brex

Do Brasil ao Vale do Silício: como dois jovens empreendedores criaram a Brex, uma fintech…

1 mês ago

Rayssa Leal conquista o mundo do skate mais uma vez

Rayssa Leal conquista o mundo do skate mais uma vez Brasileira de 16 anos vence…

2 meses ago

A volta do horário de verão? Governo estuda possibilidade para driblar desafios

Medida que foi suspensa em 2019 pode ajudar a reduzir picos de consumo e o…

2 meses ago

This website uses cookies.