O Papa Francisco disse esta quinta-feira (15.06.2023) ao Bolívia seu “vergonha e desânimo” perante as revelações de abusos sexuais por parte de religiosos contra menores no país sul-americano e manifestou ao Presidente Luis Arce a sua vontade de colaborar com o governo para esclarecer o sucedido.
O bispo de Roma enviou uma carta a Arce em resposta a outra carta que o presidente lhe enviou a 22 de maio, na qual lhe falava da dor no país devido às revelações de pederastia.
A Ministra da Presidência, María Nela Prada, procede à leitura do conteúdo da carta.
Francisco expressou “dor” e “sentimentos de vergonha e consternação”, depois de o jornal El País ter revelado, a 30 de abril, um diário pessoal do falecido padre jesuíta Alfonso Pedrajas, conhecido como “Pica”, que confessou ter feito mal a “muitas pessoas”, mencionando até 85 vítimas.
Depois de o caso de “Pica” se ter tornado conhecido, as procuradorias departamentais receberam 12 outras queixas, segundo informou esta semana a Conferência Episcopal Boliviana.
Para além de Pedrajas, os acusados incluem os padres espanhóis Luis María Roma, Alejandro Mestre e Antonio Gausset (Padre Tuco), todos já falecidos.
“Factos “deploráveis
Na sua nota, Francisco descreve estes acontecimentos como “deploráveis” e as acções dos padres como nefastas. Questiona também “a negligência daqueles que deveriam ter estado vigilantes” para garantir que os factos não ocorressem.
O pontífice argentino expressou a Arce o seu “firme desejo de responder com a promessa da total disponibilidade da Igreja para trabalhar em conjunto com o governo” da Bolívia.
Referiu-se também ao dever partilhado de “reparar as injustiças e de ser sempre fiel à tarefa de proteger aqueles que são os preferidos de Jesus”.
O Presidente Luis Arce agradeceu no Twitter a resposta do Papa, “na qual partilha a nossa grande preocupação, indignação e repúdio pelos casos de pederastia” no país.
O Papa referiu ainda a necessidade de “reforçar o controlo para impedir a entrada no país de padres estrangeiros com antecedentes de crimes sexuais”.
A Bolívia está a ser abalada por um dos maiores escândalos de pederastia cometidos por padres católicos, enquanto o Ministério Público do país investiga as alegações.
A Igreja Católica na Bolívia abriu esta semana quatro comissões distintas para ouvir e receber outros casos.