O Ministério Público de Bolívia pediu a um tribunal para prorrogar por mais três meses a prisão preventiva da antiga presidente interina Jeanine Áñe.z num dos processos instaurados contra ela a mando do governo pela crise política de 2019, de acordo com uma queixa apresentada pela ex-governante na quinta-feira (06.07.2023).
Áñez publicou nas suas redes sociais, geridas pelos seus familiares, uma fotografia do pedido de prorrogação do período de prisão preventiva apresentado pelos procuradores Omar Mejillones e Cristhian Copa, responsáveis pelo caso conhecido como “golpe de Estado I”, perante o primeiro tribunal anti-corrupção de La Paz.
“Os procuradores Mejillones e Copa omitem que Evo Morales planeou a sua demissão e fuga. Agora dizem ‘golpe de Estado injustamente chamado’ e pedem outra prorrogação ilegal da detenção de um ex-presidente. Exijo a minha liberdade, convoquem os deputados Flores e Choque e Huarachi e julguem Evo”, disse Áñez no Twitter.
Áñez e outros ex-presidentes bolivianos haviam no dia anterior acusado Morales de supostamente encenar um “autogolpe”, depois que os deputados pró-governo Andrés Flores e Deisy Choque alegaram que foi ele quem instruiu o líder da Central dos Trabalhadores Bolivianos (COB), o mineiro Juan Carlos Huarachi, a pedir sua renúncia em 2019.
Preso desde 2021
No documento do Ministério Público, os procuradores alegam que, “dada a multiplicidade de arguidos”, a investigação é “complexa” e, por essa razão, pedem ao juiz que considere a possibilidade de prolongar a prisão preventiva de Áñez, de dois dos seus antigos ministros e de dois antigos chefes militares, que também são acusados de alegado “terrorismo” neste caso.
O “golpe de Estado I” foi o caso pelo qual Áñez foi inicialmente detida em março de 2021 e, após as primeiras prorrogações da detenção, foram activados outros processos contra ela relacionados com a crise de 2019 e com algumas acções que realizou durante a sua administração transitória.
Em meados de 2022, Áñez foi condenada a 10 anos de prisão pelo processo “Golpe de Estado II”, no qual foi acusada de se colocar ilegalmente na linha de sucessão após a demissão de Evo Morales da presidência e de outras autoridades durante a crise de 2019.
O governo de Luis Arce e o seu partido, o Movimento para o Socialismo (MAS), afirmam que em 2019 houve um “golpe de Estado” contra Morales, enquanto a oposição sustenta que os protestos que levaram à sua demissão foram o resultado de uma fraude a seu favor nas eleições gerais falhadas desse ano.
Nos últimos dias, no meio de divisões e confrontos públicos no Movimento para o Socialismo (MAS), partido no poder, o deputado Flores, chefe da bancada parlamentar do partido no poder, revelou aos meios de comunicação social que o pedido da COB para a demissão de Morales em 2019 foi feito a pedido do próprio ex-governador.