Autoridades mexicanas encontraram restos mortais de quatro pessoas numa quinta no estado ocidental de Jaliscono decurso dos inquéritos para localizar cinco jovens desaparecidoscujo cativeiro e provável assassínio foram transmitidos em imagens violentas que chocaram o país.
Numa declaração divulgada na quinta-feira, o Ministério Público informou que os agentes da polícia encontraram “restos de esqueletos e quatro crânios com vestígios de calcinação na sua totalidade”.embora as suas características físicas, idade e sexo ainda não possam ser determinados.
Os investigadores forenses estão a trabalhar “para identificar as vítimas”acrescentou o gabinete do procurador.
Armando Olmedapai de um dos jovens desaparecidos desde sexta-feira passada, reconhece que os restos mortais encontrados podem pertencer ao seu filho e aos seus companheiros, mas prefere aguardar o relatório das autoridades.
“Não o sabemos até que analisem e efectuem todos os testes necessários”, afirma. Olmedaum pedreiro de 54 anos, que está determinado a encontrar o seu filho Roberto Carlos “até o último suspiro”.
“No primeiro sábado em que acordei e ele não estava lá, vesti as sapatilhas dele e calcei-as para ver se podia seguir as suas pisadas. Sei que é uma emoção, é uma ideia que tenho no meu coração”, confessou o pai aos jornalistas.
Roberto Carlos20 anos, está a frequentar o sexto semestre de engenharia industrial na Universidade Estadual de Guadalajaraele detalhou Olmeda.
O grupo de jovens com idades compreendidas entre os 19 e os 22 anos, que, segundo os testemunhos de familiares, eram amigos desde a infância, desapareceu na cidade de Lagos de Morenoembora as autoridades não tenham confirmado oficialmente a sua morte.
Anteriormente, o Ministério Público tinha comunicado a descoberta dos restos mortais carbonizados de outra pessoa dentro de um carro, a 15 de agosto.
Indignação
Após o desaparecimento dos jovens, uma imagem e um vídeo dos mesmos tornaram-se virais nas redes sociais.
A fotografia mostra os cinco ajoelhados e algemadosO vídeo mostra um deles a ser atacado com um objeto contundente e uma faca perto de outros corpos deitados no chão.
A divulgação do material gráfico indignou cidadãos, colunistas e políticos.
O Presidente Andrés Manuel López Obrador não respondeu às perguntas dos jornalistas sobre o caso durante a sua conferência matinal de quarta-feira, uma atitude que foi severamente criticada nas redes sociais.
Na quinta-feira, o Presidente explicou que não estava em condições de ouvir as perguntas dos jornalistas e acrescentou que o seu governo estava a cooperar na investigação.
A investigação “é da responsabilidade do Ministério Público do Estado de Jalisco. Sim, estamos a ajudar”, afirmou na sua habitual conferência de imprensa matinal.
Jalisco é o estado do México com o maior número de pessoas desaparecidas com cerca de 14.800de um total de 110.000 casos registados desde 1962.
De 2018 a 2023, no estado foram localizados. 141 sepulturas clandestinas.
No passado dia 6 de junho, os restos mortais de oito trabalhadores de um centro de atendimento telefónico que tinham sido dados como desaparecidos foram encontrados em sacos numa sepultura clandestina em Zapopanum subúrbio da cidade de Guadalajara.
México registos mais de 420.000 assassinatos e para pelo menos 100.000 desaparecidos desde finais de 2006, altura em que o governo lançou uma ofensiva militar contra os cartéis de droga.