O empresário bilionário Daniel Noboa venceu a segunda volta das presidenciais em Equador este domingo e, aos 35 anos, tornou-se um o presidente eleito mais jovem da história do país.O país está mergulhado na violência da droga.
“Com mais de 90 por cento dos votos válidos a nível nacional (…) dados que, como Conselho Nacional Eleitoral, consideramos irreversíveis, o Equador tem praticamente Daniel Noboa como presidente”, declarou a directora da autoridade eleitoral, Diana Atamaint.
Já durante a noite deste domingo, a sua rival nas eleições, Luisa González, aliada do ex-presidente Rafael Correa, reconheceu a sua derrota.
Ao candidato agora presidente eleito Daniel Noboa, os nossos sinceros parabéns porque é a democracia”, disse a candidata derrotada rodeada de apoiantes em Quito.
Daniel Noboa: Sommelier, com estudos no estrangeiro e ativo nas redes sociais
Muito ativo nas redes sociais, com um semblante taciturno e poucas palavras, Noboa foi uma surpresa no escrutínio e foi ganhando força com o passar dos dias até vencer com 52% dos votos contra a esquerdista Luisa González (48%).
“Amanhã começamos a trabalhar para este novo Equador (…) para reconstruir um país que foi duramente afetado pela violência, pela corrupção e pelo ódio”, disse o novo presidente a partir da sua residência na estância balnear de Olón (sudoeste), onde recebeu a imprensa.
Ele também deu um novo golpe no ex-presidente socialista Rafael Correa (2007-2017), na sombra das urnas como padrinho político de González e velho inimigo de seu pai, Álvaro Noboa.
Tendo estudado em universidades estrangeiras de prestígio, o novo Presidente define-se como sendo de centro-esquerda, embora seja apoiado por forças de direita. É sommelier, conhece música, tentou ser vegetariano, colecciona malaguetas e é apaixonado por carros e cavalos, segundo a sua equipa de imprensa.
Daniel Noboa: “Podem matar-me”.
Noboa treinou nos bastidores das campanhas eleitorais do seu pai, que em 2006 também mediu forças com o então pouco conhecido Correa. Naquela ocasião, o socialista obteve 57% dos votos válidos e permaneceu no poder por uma década.
Herdeiro de um capital político, Noboa não tem no seu ADN o histrionismo do pai, que, de joelhos e de bíblia na mão, pedia o voto dos equatorianos.
Com uma figura atlética e jovem, Noboa afastou-se do espetáculo de palco e, com um colete à prova de bala, concentrou-se nas novas gerações. Poucos dias antes do escrutínio, Noboa estava a fazer “trending” com bonecos de cartão com a sua imagem em tamanho real.
Noboa recuperou da sua impopularidade no início da primeira volta, quando todas as sondagens o colocavam em último lugar.
“Houve momentos de ansiedade, quando se vê que os números ainda não estão connosco (…) e momentos difíceis, quando matam um dos nossos concorrentes e dizemos ‘bem, estou a dizer coisas semelhantes a ele, talvez me matem também'”, afirmou numa entrevista à AFP.
Dias antes da primeira volta, a 20 de agosto, o candidato Fernando Villavicencio foi morto a tiro quando saía de um comício em Quito..
O assassinato provocou terror num país assolado pela violência de numerosos bandos de traficantes de droga. Entre 2018 e 2022, a taxa de homicídios quadruplicou para 26 por 100.000 habitantes..
Daniel Noboa e a “guerra” contra o tráfico de droga
A única aparição política de Noboa foi como deputado no Congresso que o Presidente Guillermo Lasso dissolveu em maio para dar lugar a eleições antecipadas. Nessa altura, dirigia a Comissão de Desenvolvimento Económico.
Durante o seu mandato de dois anos como deputado, Noboa foi questionado por um alegado conflito de interesses quando financiou do seu próprio bolso a viagem de sete deputados à Rússia, um dos principais destinos das bananas produzidas pela empresa familiar. A viagem ocorreu após a invasão russa da Ucrânia, rejeitada por Quito, o que alimentou as críticas. Os seus inimigos acusam-no também de evasão fiscal.
Noboa foi o primeiro a registar a sua candidatura às eleições equatorianas em nome da aliança Ação Democrática Nacional (ADN).
O novo presidente defende que o Equador está a viver “uma guerra”. “Temos de ter pulso firme se quisermos salvar este país desta insegurança”, afirma.
A sua proposta mais falada é a criação de navios-prisão para isolar os reclusos das suas redes criminosas. Também planeia criar incentivos fiscais e crédito barato para pequenos empresários.
Noboa governará até ao final do mandato de Lasso, embora não exclua a possibilidade de se recandidatar em 2025.
“Os problemas do Equador não podem ser resolvidos em 17 meses”, disse aos jornalistas.
O novo presidente estudou Administração de Empresas na Universidade de Nova Iorque e licenciou-se em Administração Pública na Harvard Kennedy School. Tem também um mestrado em Governação e Comunicação Política pela Universidade George Washington.
É casado com Lavinia Valbonesiuma influenciadora de nutrição, com quem tem um filho e está à espera de outro. Ele tem uma filha do seu primeiro casamento.
Aos 18 anos, criou a sua primeira empresa dedicada à produção de eventos. Em seguida, entrou para a Noboa Corporation, a grande empresa familiar, como diretor das áreas de expedição e comercial.