Carrefour recua após polêmica com carne do Mercosul

Boicote da rede varejista à carne do bloco gerou críticas e alerta para as negociações do acordo Mercosul-UE.

As negociações entre Mercosul e União Europeia enfrentaram um novo obstáculo quando o Carrefour anunciou que deixaria de comprar carne bovina do bloco. O CEO global da empresa, Alexandre Bompard, justificou a decisão em carta enviada a produtores franceses, alegando preocupações ambientais.

 A medida, no entanto, provocou forte reação do setor produtivo brasileiro e do governo, resultando em um boicote nacional à rede até que a posição fosse revista.

Dias depois, a empresa recuou e publicou uma retratação, afirmando que continuará comprando carne do Mercosul. O episódio, embora breve, evidenciou as tensões em torno do acordo comercial, cuja aprovação permanece travada há mais de 20 anos.

Resistência francesa e impacto político

A França é conhecida por sua oposição ao acordo Mercosul-UE. A pressão de grupos agrícolas franceses, que temem pela concorrência de produtos do bloco sul-americano, frequentemente dificulta o avanço das negociações. O anúncio do Carrefour, no contexto de protestos contra o tratado, foi interpretado como uma tentativa de reforçar essa resistência.

Para diplomatas brasileiros, no entanto, a retração da rede varejista foi suficiente para neutralizar eventuais impactos no diálogo entre os blocos. Eles destacam que quem conduz as negociações pela União Europeia é a Comissão Europeia, que tem se mostrado favorável ao tratado.

Governo e setor produtivo agem rapidamente

A reação brasileira ao boicote foi imediata. Frigoríficos suspenderam vendas para o Carrefour, pressionando a rede a rever sua posição. Para o governo, era essencial dar uma resposta rápida para evitar que outros países da União Europeia adotassem posturas similares. Apesar de o bloco representar apenas 3,39% das exportações brasileiras de carne bovina, ataques à reputação do produto poderiam gerar desdobramentos comerciais mais amplos.

O senador Nelsinho Trad, representante do Brasil no Parlasul, planeja levar o tema à próxima sessão do parlamento regional, no dia 9 de dezembro. Ele defende que o Mercosul mantenha uma posição unificada, reforçando os compromissos com sustentabilidade e comércio justo.

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